top of page

Ao Encontro da Sombra

  • Foto do escritor: Rafaela Ussier
    Rafaela Ussier
  • 1 de set.
  • 3 min de leitura

O Desafio de Olhar para Dentro


Como psicóloga clínica muitas vezes me deparo com pessoas em busca de respostas, de um caminho para a felicidade ou para uma vida mais plena. Mas o grande desafio do autoconhecimento, ao longo da nossa jornada, é o de olhar para dentro. Não apenas para as partes que amamos e valorizamos em nós mesmos, mas para as que rejeitamos, as que escondemos e, em muitos casos, as que nem mesmo sabemos que existem. A esse lado escuro, mas essencial, da nossa personalidade, Carl Gustav Jung deu o nome de Sombra.


Caravela navegando em um rio sombrio iluminada por um grande guia.
Caravela navegando em um rio sombrio iluminada por um grande guia.

O que é a Sombra?


A Sombra é um arquétipo, uma espécie de modelo universal que representa tudo aquilo que reprimimos em nosso inconsciente. São os nossos medos, traumas, impulsos, raivas e, às vezes, até mesmo talentos ou aspirações que consideramos inaceitáveis. Ela não é inerentemente má, mas é o nosso lado "não iluminado", aquele que preferimos ignorar para manter uma imagem de nós mesmos que consideramos ideal. A Sombra pode se manifestar de várias formas: em explosões de raiva desproporcionais, em inveja, em impulsos autodestrutivos ou até mesmo em projeções, quando vemos nos outros as falhas que não aceitamos em nós mesmos.


O Perigo de Ignorar a Sombra


Quando tentamos varrer a Sombra para debaixo do tapete, ela não desaparece. Pelo contrário, ela se fortalece, ganhando poder sobre nossas vidas. Ignorar a Sombra é como tentar nadar contra a correnteza: é exaustivo e, no final, a correnteza sempre vence. Muitas das nossas crises existenciais, dos nossos ciclos de autossabotagem e dos nossos conflitos internos e externos estão diretamente ligados a esse esforço de fugir da nossa própria Sombra.


O Processo de Encontro


O primeiro passo para o desenvolvimento pessoal, ou, na terminologia junguiana, o processo de individuação, é o de encontrar a Sombra. Esse encontro não é um confronto, mas sim um diálogo. Trata-se de reconhecer que essas partes fazem parte de nós, em vez de rejeitá-las. Esse processo de integração não significa que você deve se tornar raivoso ou malicioso. Significa que você precisa entender a origem desses sentimentos, acolhê-los e, então, aprender a lidar com eles de forma mais saudável.

Integrar a Sombra nos liberta. Ao reconhecermos nossas imperfeições, podemos parar de usar tanta energia para escondê-las e, em vez disso, canalizá-la para o nosso crescimento. Ao invés de lutar contra a escuridão, permitimos que ela coexista com a luz, formando um todo mais completo e genuíno: o nosso Eu verdadeiro.


Para Jung, a Sombra também guarda tesouros. Ao encararmos o que reprimimos, podemos descobrir potenciais e forças que desconhecíamos. A raiva, por exemplo, pode ser a energia necessária para defender nossos limites. A tristeza pode ser a sensibilidade para nos conectarmos mais profundamente com os outros. A Sombra não é algo para ser derrotado, mas sim para ser compreendido e integrado.



O caminho para uma vida mais autêntica e plena passa inevitavelmente pelo encontro com a Sombra.

É um processo desafiador, por vezes doloroso, mas fundamental para a nossa totalidade. Abraçar a Sombra é um ato de coragem e de amor-próprio. É o primeiro passo para nos tornarmos quem realmente somos, com nossas luzes e nossas sombras, e para finalmente vivermos em harmonia com nosso Eu integral.

Se você sente que está pronto para iniciar esse diálogo interno, a psicoterapia pode ser um caminho seguro e acolhedor para essa jornada de autoconhecimento.


Sigo à disposição para te escutar!

Psicóloga Rafaela Ussier

CRP 06/119822


 
 
 

Comentários


©ajunguiana™
WhatsApp - Rafaela Ussier
bottom of page